Quando o cabelo cresce, ele é pigmentado ou
branco. A aparência grisalha do cabelo é somente um produto de uma ilusão de
óptica, produzido pela mistura de um cabelo colorido e cabelo branco.
O “embranquecimento” do cabelo pode ser
explicado por uma incapacidade de alguns melanócitos em produzir pigmentos e de
outros em transferir o pigmento aos queratinócitos.
No entanto, dado que após receberem a
melanina para sua coloração ocorre morte celular dos queratinócitos, para que o
cabelo continue com sua cor natural é preciso que haja uma constante renovação
dos mesmos. Isso é feito por meio das chamadas célulastronco, capazes de se diferenciar em
várias outras, inclusive em melanócitos. Desse modo, cientistas da Universidade
de Harvard e do Hospital Infantil de Boston descobriram recentemente que a
perda gradual dessas células não diferenciadas está, literalmente, na raiz do
cabelo grisalho. Mais especificamente, no folículo capilar, estrutura que “ancora”
o cabelo na pele.
Experimentos em camundongos comprovaram a
descoberta de que existe um gene, o Bcl2, que é fundamental para proteger as
células-tronco no momento em que o folículo capilar está em estado de
dormência, sem crescimento de cabelo (algo que ocorre em cerca de 10% a 15% dos
fios em qualquer momento). A equipe estudou camundongos que não tinham o gene
protetor Bcl2. O efeito foi dramático: os camundongos mal nasceram, logo ficaram
grisalhos, por terem perdido as células-tronco que dariam origem aos
melanócitos.
Portanto, problemas com esse gene podem estar
associados ao caso de pessoas que ficam com os cabelos brancos prematuramente.
Os estudos com camundongos também revelaram uma relação clara entre a idade do
animal, o número de células-tronco e a quantidade de pêlo grisalho. Os testes
foram reproduzidos em amostras do couro cabeludo de seres humanos e o resultado
foi o mesmo. Os pesquisadores imaginam que exista algum mecanismo no folículo
que deixe de funcionar com o envelhecimento, causando a morte das
células-tronco e tornando o cabelo grisalho.
O mesmo mecanismo celular que fez os
camundongos ficarem grisalhos antes da hora poderia ser útil para atacar o
melanoma, pois esse tipo de câncer de pele se caracteriza pela proliferação
acelerada de melanócitos. Esse mecanismo poderia ser imitado por uma droga
capaz de “envelhecer” as células do melanoma.
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