Se a calvície já perturba
significativamente os homens, na mulher ela pode ser responsável por grande
ansiedade e sofrimento emocional. O cabelo tem uma grande importância na
estética feminina e é muito valorizado como uma característica própria da
mulher. A perda do cabelo assume grande significado em relação à auto-estima,
pelo que é motivo frequente para o seu tratamento.
A queda progressiva nas
mulheres tem características próprias. Raramente atinge graus severos até a calvície,
manifestando-se mais como uma rarefacção nas mesmas zonas que no homem, mas
respeita quase sempre uma faixa na linha anterior do cabelo.
Esta faixa tem um grande
interesse estratégico, pois, mantendo a moldura da face, permite uma fácil
camuflagem da perda acentuada de cabelo, quer com penteado mais ou menos
elaborado, quer com uma adição de cabelo por meio duma prótese capilar.
Apesar deste facto, é cada
vez maior o número de mulheres que solicitam a transplantação. As razões
principais estarão intimamente relacionadas com dois aspectos. Primeiro, com o
estado avançado da técnica que permite colocar cabelo em zonas com menor
densidade capilar sem lesar o cabelo ainda existente; segundo, mas porventura
não menos importante, pela menor aceitação por parte da mulher da calvície.
Esta, podendo ser
considerada como uma evolução naturalmente esperada, própria do envelhecimento
do homem, não é encarada com a mesma resignação pela mulher. O cabelo na mulher
é um reflexo importante da sua feminilidade e sexualidade. A identidade
feminina relaciona-se com cabelo farto, luzidio e sedoso e, quando estes atributos
se degradam, são motivos de grande preocupação e tristeza, podendo até comprometer
a função da mulher no meio familiar e social.
O cabelo feminino poderá
ser afectado por múltiplos factores que promovem a queda não necessariamente
nas zonas fronto-parietais típica da calvície androgénica, mas muitas vezes
duma maneira difusa atingindo todo o couro cabeludo.
Estas diferenças poderão
estar relacionadas com os diferentes níveis e diferentes enzimas responsáveis
pela queda de cabelo.
A mulher terá menor
quantidade de 5-alfa-redutase (enzima que converte a testosterona em
dihidrotestosterona – DHT) na linha anterior do cabelo na região frontal.
Também parece que, nesta zona, nas mulheres os receptores de androgéneos é menor.
Por outro lado, nesta área
e na mulher, encontra-se outro enzima – aromatase - em maior concentração. Este
enzima converte a testosterona em estrogéneos os quais não parecem contribuir
para a queda de cabelo.
Apesar de tudo, a mulher
pode, em alguns casos, perder cabelo com o mesmo padrão do homem e vice-versa.
Existem algumas doenças
que têm associada a queda de cabelo. Doenças da tiróide, anemia, desequilíbrios
endócrinos (ovários quísticos, tumores da suprarrenal e da hipófise), doenças
do tecido conjuntivo (lúpus, dermatomiosite).
Factores de stress, quer
físico ou emocional, pós-operatório, partos, anestesias gerais ou dietas
exageradas podem desencadear um eflúvio catagénico de perda de cabelo de maior
ou menor duração. Estas quedas poderão ser revertidas, particularmente se a
causa for eliminada.
Certos medicamentos
poderão também estar envolvidos, como citostáticos, pílulas anticonceptivas,
derivados cumarínicos, hormona tiroideia, antihipertensores, doses altas de
vitamina A, toxicodependência (anfetaminas, cocaína e narcóticos).
É assim importante
investigar todas estas possibilidades para se determinar qual o agente causal,
e corrigir a situação antes de se iniciar a transplantação.
Existe outro tipo de
alopécia causada por tracção. Esta poderá ser dependente dum compromisso
psicológico a que se chama “tricotilomania”, em que o individuo obsessivamente
exerce tracção do cabelo, mas o mais frequente é ser consequente a determinados
tipos de penteados (rabo de cavalo) ou então a sistemas de fixação de cabeleiras,
extensões ou outras adições de cabelo.
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